O IP&D (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento), localizado no Campus Urbanova da Univap, está desenvolvendo uma pesquisa inovadora com base na doação de placentas– mais especificamente da Membrana Amniótica, camada interna que envolve o feto durante a gestação. O estudo é coordenado pela Profa. Dra. Luciana Barros Sant’Anna, docente do PPGEB (Programa de Pós Graduação em Engenharia Biomédica), e realizado no Laboratório de Histologia e Terapia Regenerativa.
Desde 2017, a Univap mantém uma parceria com a maternidade da Santa Casa de São José dos Campos, possibilitando a coleta de placentas após o parto para fins científicos, e mais recentemente firmou sua nova colaboração com o Hospital Municipal Dr.José de Carvalho Florence. A partir dessas cooperações, o material é cuidadosamente removido e encaminhado ao Laboratório, no IP&D, onde se inicia o processo de preparação da MA (Membrana Amniótica).
“Ressalta-se que a coleta de placenta para a obtenção da membrana amniótica é feita de forma ética, segura, e somente após a assinatura pela gestante de um termo de consentimento livre e esclarecido”, comenta Luciana.
Todo o trabalho é realizado por uma equipe multiprofissional coordenada pela Profa. Dra. Luciana, incluindo docentes pesquisadores do PPGEB e a colaboração científica de instituições de pesquisa da Itália. Também participam da pesquisa as mestrandas Gabriela Antônia Tiê e Ana Paula da Silva Alves, o doutorando Felipe Santos de Almeida e as alunas de iniciação científica Maria Laura Ramos Mancilha e Mariana Magalhães. Eles são responsáveis por todas as etapas: desde a coleta e separação manual até a higienização e preparo da membrana amniótica , sempre em ambientes laboratoriais controlados e apropriados.
Vale destacar que a placenta é naturalmente expelida do corpo da gestante após o parto, sendo considerada um RSS (Resíduo de Serviço de Saúde) e costuma ser descartada pelo hospital. No entanto, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a mulher tem autonomia para decidir o destino da sua placenta e, ao optar pela doação, pode contribuir para o avanço de tratamentos médicos diversos.
A maioria das gestantes pode doar, desde que preencham os seguintes critérios:
• Ausência de comorbidades
• Cartão pré-natal com exames sorológicos negativos (HIV, hepatites A e B, sífilis)
• Não apresentar sintomas gripais ou de Covid-19 nos últimos 14 dias
• Ter completado 39 semanas de gestação
A membrana amniótica é utilizada há décadas para o tratamento de queimaduras e feridas. Ela funciona como um curativo biológico, com propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas que aceleram a cicatrização e reduzem o uso de antibióticos e o tempo de internação. Sua ação anti-imunogênica permite que seja utilizada em qualquer paciente, sem necessidade de compatibilidade. Recentemente, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Sistema Único de Saúde) recomendou o uso de curativos com MA em hospitais da rede pública, ampliando as possibilidades de tratamento regenerativo no Brasil.
Atualmente, seu uso é estudado em várias especialidades médicas:
• Hepatologia – tratamento de doenças como fibrose e cirrose
• Ortopedia – reconstrução de ossos e tendões
• Oftalmologia – reconstrução da córnea e conjuntiva
• Neurologia – pesquisas em lesões da medula espinhal
Pesquisadores compreendem que, para muitas mães, a decisão de doar a placenta pode vir acompanhada de dúvidas e inseguranças. No entanto, esse gesto simples e voluntário pode transformar vidas. Ao mesmo tempo em que uma nova vida nasce, muitas outras podem ser salvas ou recuperadas graças aos avanços da medicina regenerativa. A pesquisa desenvolvida no IP&D é um exemplo de como ciência, empatia e solidariedade podem caminhar juntas em prol do bem coletivo.
“O incentivo a doação de placenta para a pesquisa científica é um ato de humanização uma vez que reconhece a dignidade e os direitos da gestante. Também, é permitir que a gestante participe do processo que levará ao avanço no conhecimento científico e possibilidade de desenvolvimento de curativos biológicos inovadores e de baixo custo que podem ser obtidos da membrana amniótica da placenta, e que irão promover a qualidade de vida de pessoas que sofrem com doenças crônicas de difícil cicatrização/regeneração”, destaca a líder do projeto.
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